No último dia 17, a cúpula do BRICS, formado pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul e que representa o grupo das nações emergentes no desenvolvimento econômico global, se reuniu por videoconferência, formato diferente dos anteriores, devido à pandemia causada pelo Coronavírus. Tendo como tema “Parceria do BRICS nos interesses da estabilidade global, da segurança comum e do crescimento inovador”, a reunião foi presidida pela Rússia, país anfitrião, caso a cúpula se desse de forma presencial.
No encontro, o presidente do país russo, Vladimir Putin, foi o primeiro a falar. Em seguida, pela ordem, discursaram os presidentes Nerendra Modi da Índia, Xi Jinping da China, Cyril Ramaphosa da África do Sul e, por fim, o Chefe do Estado do Brasil Jair Bolsonaro. Os líderes pontuaram assuntos sobre o estado atual da pandemia e a corrida pela vacina, além de tratar também sobre as perspectivas de cooperação no âmbito da associação e suas atuações na agenda internacional e regional.
Na ocasião, foi realizada apresentação sobre os trabalhos do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), banco multilateral, que tem como objetivo a cooperação financeira e instrumentos de financiamento para fomentar projetos de infraestrutura. Em comunicado, o processo de expansão de membros do NDB foi defendido com base em decisões relevantes do Conselho de Governadores do Novo Banco de Desenvolvimento. Isso fortaleceria o papel do banco como uma instituição financeira de desenvolvimento global e contribuiria ainda mais para a mobilização de recursos para projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável nos Estados membros do Banco. Assim, entende-se que o processo de expansão deve ser gradual e equilibrado em termos de representação geográfica de seus membros e objetivos do NDB. Além disso, destacou-se a fala do Presidente Vladimir Putin que ressaltou a importância estratégica do Novo Banco de Desenvolvimento no combate à pandemia, tendo reservado 10 Bilhões de dólares para essa finalidade.
Outra pauta levantada no encontro foi sobre o Conselho Empresarial do BRICS (Cebrics), que tem como meta o fortalecimento de laços econômicos, comerciais, de negócios e investimentos entre as comunidades empresariais dos países que o compõem. Jair Bolsonaro assumiu um compromisso com as reformas estruturais, que de acordo com o presidente, garantirão um melhor ambiente de negócios com consequente aumento da produtividade dos fluxos de investimentos privados, além de, avaliar como correta a preocupação do Cebrics em manter as cadeias internacionais de suprimentos e o apoio a pequenas e médias empresas. “A continuidade dos trabalhos do Conselho Empresarial do Brics, o Cebrics, mesmo em meio à crise sanitária refletiu o interesse de nossos empresários na superação conjunta da atual crise mundial”, disse. O presidente elogiou também a atuação da Aliança Empresarial de Mulheres do Brics, alegando que era necessário a perspectiva feminina e de maiores oportunidades para o empreendedorismo das mulheres no agrupamento.
Ao tratar de possíveis reformas no conselho de Segurança da ONU, o presidente Jair Bolsonaro defendeu a inclusão do Brasil como membro permanente do conselho, que atualmente conta com 5 membros:Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido A justificativa é que isso traria mais representatividade dos países emergentes no principal órgão de resolução de conflitos no âmbito internacional. Os líderes dos BRICS também defenderam abertamente reformas na OMC, de forma a ceder mais espaço para países emergentes, assim como, impedir o protecionismo de países do Norte Global, Segundo Primeiro Ministro indiano Narendra Modi, os organismos internacionais não funcionam conforme a realidade moderna, necessitando de mudanças.
Outra pauta relevante para o Brasil na cúpula do BRICS foi a assinatura da “Declaração de Princípios de Financiamento Responsável dos BRICS”. Esse termo foi assinado por Gustavo Montezano, presidente do BNDES, e busca a elaboração de pontos em comum para a concessão de crédito, levando em conta critérios ambientais, sociais e do respeito aos direitos humanos. Com isso, os cinco países assumiram compromissos norteadores para os futuros subsídios, incentivos e financiamentos.
Os cinco países que compõem o BRICS, somados possuem um PIB de 18 trilhões de Dólares, e população de 3 bilhões de habitantes, visto isso, a coordenação e o alinhamento dessas economias emergentes é bastante relevante dentro do sistema internacional. Iniciativas como o Banco do BRICS, linhas de crédito, e de forma mais atual a “declaração de princípios de financiamento responsável” são marcas da aproximação desses países e que podem ser especialmente importantes para a recuperação pós-coronavírus.
As Cúpulas do BRICS tem acontecido anualmente desde 2018, e apesar da pandemia do novo coronavírus a XII Cúpula aconteceu virtualmente, com isso, espera-se em 2021 uma nova reunião dos cinco países, com a continuidade do alinhamento e da busca do desenvolvimento desse bloco geopolítico. A união dos 5 países é promissora e, observando a última reunião, todos parecem dispostos a continuar a cooperação.
Escrito por Maria Cláudia e Álan Eduardo
Links de referência:
Deixe um comentário